Para os millennials, serão os videojogos algo mais do que entretenimento?
Artigo publicado na Newsletter Hoje, organizada por Paulo Querido.
Qualquer tipo de entretenimento pode servir como um escape à nossa vida – nisso os jogos não inovam. Pequenos escapes de vez em quando são-nos imprescindíveis. Mas será que para a geração millennium os videojogos poderão ir além disso?
Gita Jackson, uma millennial que escreve profissionalmente sobre videojogos, moda e cultura pop, lança novas perspectivas sobre a questão dos videojogos serem o escape da sua geração aos problemas que enfrentam. Algo que, para os pais boomers, seria, à partida, um não-tema. Embora abordado a partir do caso pessoal da autora, os problemas subjacentes são comuns à sua geração: as mudanças nas relações de trabalho, a precariedade do emprego, as dificuldades financeiras, a falta de estabilidade, a escassez de oportunidades, a pressão e as expectativas dos pais, a dificuldade em iniciar uma família, a incerteza sobre o futuro, a reforma como algo de inalcançável... Tudo problemas que os millennials enfrentam e que já conhecemos.
Gita Jackson vive na dúvida sobre o que os videojogos representam para si. Por um lado, podem ser uma perda de tempo, mas por outro são muito mais que isso: são uma forma de conseguir a estabilidade que os jovens de hoje não conseguem alcançar na vida real.
No universo dos videojogos é possível concretizar ideias e projetos com algum tipo de propósito, que transmitam uma sensação de realização pessoal por se ter feito algo com algum significado. Ainda que tenham plena consciência que se trata de fantasias, são fantasias que lhes dão aquilo que não a vida real não lhes proporciona, quando enfrentam trabalhos mal pagos, sem propósito e sem perspectivas de carreira, e percebem que até os trabalhos mais simples mas honestos que dantes - na geração dos pais - ainda permitiam uma vida digna e minimamente confortável, hoje já não o permitem.
Aprofundar
Virtual Feats, But A Real Sense Of Accomplishment Games are often about fantasy, and nothing seems more fantastical than a stable life. (…) It’s easy to get lulled into a sense of satisfaction in games. In many ways, making you feel good and accomplished is their goal. But it isn’t real. (…) Like so many of my peers, I need something to stop myself from drowning in the uncertainty of my reality. • Gita Jackson/Kotaku
Ainda em videojogos
That Dragon, Cancer Amy e Ryan Green têm um filho, Joel. Aos 12 meses de vida, Joel é diagnosticado com cancro no cérebro. O médico informou-os que o seu filho sobreviverá durante aproximadamente um ano, Joel conseguiu resistir à doença durante quatro. Amy e Ryan Green criaram um videojogo para contar essa jornada e homenagear o seu filho. That Dragon, Cancer é esse videojogo. • Público {eventual paywall}
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